A maior revolta escrava do Brasil Império, ocorreu na Fazenda Bela Cruz, propriedade da família Junqueira, localizadas na região de Cruzília - MG.
Os grandes proprietário de terras temiam uma onda de revoltas de
escravos, como havia ocorrido no Haiti. No Brasil, houve episódios em
que a violência, inerente às relações entre senhores e cativos, irrompeu
de maneira quase incontrolável – a Revolta da Fazenda Bela Cruz é um exemplo
deste tipo de acontecimento trágico.
Em 1833, ocorreu a maior rebelião escrava do Império, nas
fazendas da família Junqueira, localizadas no curato de São Tomé das
Letras, freguesia de Carrancas e comarca do Rio das Mortes. O
processo-crime foi instaurado a partir da denúncia de Gabriel Francisco
Junqueira, futuro barão de Alfenas, em virtude das mortes de seus
familiares. As fazendas Campo Alegre e Bela Cruz faziam parte de uma
grande extensão de terra concedida pela Coroa a João Francisco,
português de São Simão da Junqueira. Na terceira década do século XIX,
as propriedades de seus filhos estavam entre as melhores da região, com
grande número de cabeças de gado, cavalos e porcos, além de um plantel
de escravos que superava a média da região.
Em 13 de 1833, as fazendas viviam mais um dia de trabalhos
rotineiros. A Campo Alegre estava sob a responsabilidade de Gabriel
Francisco de Andrade Junqueira, que, na ausência do pai, que era
deputado e estava exercendo suas funções na Corte, conduzia a fazenda,
além de supervisionar o trabalho dos escravos. Antes do meio-dia, como
de costume, foi até a roça fiscalizar o trabalho de seus escravos.
Seguiu a cavalo em direção à roça. Ao chegar, encontrou os escravos
preparando a terra, cuidando das lavouras de milho e feijão. A
tranquilidade era apenas aparente. Sem condições de oferecer nenhuma
reação, Gabriel Francisco foi surpreendido pelo escravo Ventura Mina,
retirado à força de cima do cavalo, recebendo várias porretadas na
cabeça, que o levaram à morte rapidamente.
Alguns dos escravos que estavam trabalhando na roça naquele momento
engrossaram o grupo e seguiram em direção à sede da fazenda Campo
Alegre, todos liderados por Ventura Mina.
Só não atacaram a sede da
fazenda porque um escravo havia saído às pressas e avisado aos outros
familiares do deputado o que havia acontecido. Os rebeldes chegaram até
ao terreiro da fazenda e perceberam que ela estava guarnecida por dois
capitães do mato. Então, foram em direção da fazenda Bela Cruz.
O momento mais dramático da revolta teve como cenário esta fazenda,
onde os cativos assassinaram todos os brancos ali existentes.Os escravos
invadiram a casa grande de seus senhores, atacando José Francisco
Junqueira, e sua mulher, que haviam se trancado em um quarto para se
proteger. Nem por isso escaparam da violência dos cativos. Com um
machado, a porta foi arrombada. O total de pessoas mortas pelos escravos
corresponde a nove integrantes da família Junqueira. Há indícios que as
mulheres sofreram violência sexual. Os escravos utilizaram-se de
instrumentos de trabalho – paus, foices e machados – e armas de fogo
para cometer os assassinatos.
Os rebeldes estavam determinados a exterminar todos os brancos
daquela propriedade, tanto que parte dos escravos permaneceu na Bela
Cruz e preparou uma emboscada para também assassinar o genro de José
Francisco, Manoel José da Costa, mandando avisá-lo do que havia
acontecido e que todos tinham partido. Os escravos ficaram escondidos e
assim que Manoel José da Costa atravessou a porteira, estes o mataram a
“bordoadas”, e depois lhe deram um tiro.
Liderados pelo escravo Ventura, o outro grupo seguiu em direção à
fazenda Bom Jardim, para ali fazerem o mesmo e darem prosseguimento à
rebelião. Encontraram no caminho, um agregado da mesma fazenda que se
dirigia à Bela Cruz em busca de mantimentos, que também foi assassinado.
Ao chegarem nesta fazenda encontraram forte resistência por parte do
proprietário e seus escravos, sendo o líder Ventura ferido gravemente.
João Cândido da Costa Junqueira já havia se informado dos acontecimentos
de Campo Alegre e Bela Cruz e, rapidamente, armou seus escravos e os
reuniu em uma sala, e conseguiu espantar os insurgentes.
Assim que proprietários e autoridades tomaram conhecimento dos
acontecimentos, mobilizaram um grande esquema repressivo, convocando
autoridades, proprietários e a Guarda Nacional para combater os
rebeldes.O clima de terror atingiu toda a vizinhança. Como se tratava de
uma área estratégica, de grande importância econômica, próxima das
estradas que interligavam as províncias de São Paulo e Rio de Janeiro a
Minas Gerais, os acontecimentos da freguesia de Carrancas ganharam
repercussão na região.
Os escravos rebeldes de Carrancas foram exemplarmente punidos, sendo
que 16 deles foram condenado à pena de morte por enforcamento e
executados em praça pública, em dias alternados e com cortejo da
Irmandade da Misericórdia, na vila de São João del Rei, na antiga rua da
Forca. Trata-se de uma das maiores condenações coletivas à pena de
morte aplicada a escravos na história do Brasil Império. Na Revolta dos
Malês (1835) houve um número semelhante de condenados à morte, mas
apenas quatro escravos foram fuzilados, o restante teve a sentença
convertida para açoites ou galés em segundo julgamento.
Referência Bibliográfica:
Marcos Ferreira de Andrade.
fonte: http://historiahoje.com/?p=628
A Fazenda Bom Jardim, pertencia aos antepassados de minha mãe que nos contava a mesma história da revolta dos escravos em 1833.Ela enfatizava que a violência dos escravos era horripilante e, que no confronto entre os escravos da Fazenda Bom Jardim e os rebeldes escravos da Fazenda Campo Alegre, Bela Cruz e outras, um dos negros que protegia a familia, chamado Mathias Gabrié, com excepcional bravura avançou em direção aos rebeldes, explodindo a cabeça do Lider Ventura Mina que ficou gravemente ferido.
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